27 novembro, 2023

Prefeitos pedem caducidade de concessão da Enel no Rio

Prefeitos de 66 cidades do estado do Rio de Janeiro atendidos pela Enel devem protocolar pedido junto à Aneel até o fim do ano

Por Matheus Gagliano, via conexaofluminense.com.br
Um grupo de prefeitos de 66 cidades do estado do Rio de Janeiro pediu, em um ato realizado no Theatro Municipal de Niterói, no Leste Fluminense, a caducidade da concessão da Enel – empresa de distribuição de energia elétrica que atende 66 municípios do estado do Rio.

A tendência é que o pedido seja protocolado junto à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) até o fim deste ano. A companhia tem concessão prevista para até 2026, mas os prefeitos querem a caducidade dessa concessão por conta de problemas de fornecimento energético no estado.

Há alguns dias, cidades como Niterói e São Gonçalo tem sofrido com os cortes de energia. Nas duas cidades, cerca de 100 mil imóveis teriam ficado sem luz durante a semana do forte temporal que atingiu a região.

Os prefeitos destacaram que os problemas já se arrastam há anos, mas que o estopim foram os últimos apagões. Diante das ondas de calor e temporais, a preocupação é de que o serviço fique ainda pior com o verão e as festas de fim de ano, principalmente em Niterói, nas cidades da Região dos Lagos e na Costa Verde, onde é grande o fluxo de turistas.

Gutinho Bernardes, prefeito de Areal, na Região Serrana, adiantou que o município irá protocolar ainda um plano de contingência para o verão.

“A gente está vendo uma empresa que está chegando no final da concessão e está tirando o pé do acelerador no momento em que a gente está vivendo as piores chuvas e as mudanças climáticas. E isso não pode ser desculpa de uma empresa que não se planejou, que não fez o dever de casa. É mais uma prova de incompetência e a gente vai passar o pior verão das nossas vidas se a gente continuar na mão dessa empresa do jeito que está. Difícil ter uma pauta supra partidária que reúna tantos prefeitos, mas a Enel conseguiu, porque do jeito que está não dá para ficar”, disse o prefeito de Areal.

Enel pode ir dar explicações na Alerj

Diante dos problemas constatados, a companhia distribuidora deve ser chamada pela Assembleia Legislativa do Estado (Alerj) para dar explicações. A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Serviços Delegados e das Agências Reguladoras realizará audiência pública conjunta com as Comissões Permanentes de Minas e Energia e de Defesa do Consumidor, para debater a recente crise energética que gerou falta de fornecimento de luz em várias regiões do estado e a atuação das concessionárias Light e Enel.

A reunião acontecerá nesta terça-feira (28), às 10h, na sala 1808 do Edifício Lúcio Costa, sede do Legislativo fluminense. Foram convocados para a audiência o presidente da Light, Octávio Pereira Lopes, e a presidente da Enel, Anna Paula Pacheco, que serão ouvidos sobre esses casos de queda no fornecimento de energia no estado.

As empresas deverão apresentar relatórios sobre os investimentos realizados nos últimos três anos, além de dados e receitas relativas ao mesmo período, em cada município fluminense atendido pelas empresas.

De acordo com o presidente da CPI, deputado Rodrigo Amorim (PTB), é necessário avaliar a qualidade do serviço prestado pelas concessionárias. “É inadmissível que, mesmo passados alguns dias do forte temporal, unidades de saúde e escolas ficaram sem energia. Vamos cobrar explicações da Light e da Enel. A população paga muito caro por esse serviço que deve ser entregue com assiduidade”, explicou o parlamentar.

13 setembro, 2023

Janja da Silva: o namastê e o deslumbramento

Por Guilherme Macalossi 11/09/2023
Via Gazeta do Povo

O cônjuge de um presidente da República não desempenha qualquer função oficial. Não recebe para isso. Homem ou mulher, a nomenclatura que adquire é advinda de seu parentesco. Ainda assim, pela proximidade com quem exerce o poder, tem status e benefícios, bem como certas responsabilidades institucionais inatas. Sua posição lhe exige decoro, prudência e discrição. É tudo o que falta para a atual primeira-dama. Janja da Silva, que se casou com Lula em 2022, esbanja inadequação e deslumbramento, inclusive para prejuízo do atual governo.

Na última semana, enquanto voluntários e equipes da Defesa Civil e do Corpo de Bombeiros se desdobravam no esforço de encontrar desaparecidos e salvar pessoas em situação de risco nas áreas inundadas no Rio Grande do Sul, Janja voava para a Índia acompanhando o marido. Antes de embarcar, escreveu nas redes sociais que teria 20 horas para tuitar. A postagem contrastou com a agenda anterior do casal presidencial, que não teve um único minuto para visitar as vítimas de uma das maiores tragédias naturais da história do Sul do país.

Não sendo o bastante, já em Nova Dheli, Janja publicou um vídeo comemorando a chegada. Sorridente, apareceu fazendo “Namastê” e dizendo “Olá, Índia! Boa noite. Me segura que eu já vou sair dançando”. Ninguém estava dançando em Muçum, ou em Roca Sales, cidades gaúchas que foram dizimadas pela água e pelo lodaçal. Ciente do prejuízo político, a assessoria do Palácio do Planalto removeu o vídeo, mas não a tempo de evitar que circulasse pela web, gerando incontáveis memes.

Essa postura indiferente, quase que como a de uma blogueira sem noção da realidade, não é inédita. No início de 2023, quando chuvas castigaram o litoral norte de São Paulo, a primeira-dama não interrompeu sua participação do carnaval. Continuou sambando em Salvador. Naquela oportunidade, Lula foi até a região, mas a imagem dela fazendo festa em Salvador não foi bem recebida.

A alegação de que Janja não governa ignora o fato de que, por ser a esposa do presidente, não pode ficar à margem de situações dramáticas. É preciso decoro nessas horas, e saber que sua imagem está indelevelmente ligada a do presidente.

A primeira-dama vem sendo fanaticamente protegida e paparicada pela militância lulopetista. Críticas à sua conduta são respondias como expressões de “misoginia” e “machismo”, aquelas palavrinhas mágicas do dicionário ideológico identitarista que servem de escudo para qualquer coisa. Por sua formação como socióloga com especialização em história, alguns imaginam que Janja possa ser a Ruth Cardoso de Lula. Até aqui ela não conseguiu nem mesmo ser Dona Marisa, que não era intelectual, mas ao menos tinha senso de ridículo.

03 março, 2022

O MUNDO SE DESPEDE DA PANDEMIA

Na Europa, países derrubam restrições e tratam a covid como uma doença comum. No Brasil, casos em queda e máscaras em alta.

REVISTA OESTE

Por: Artur Piva e Paula Leal

A Inglaterra se tornou o país mais livre da Europa. Há algumas semanas, os ingleses experimentam a vida livres de máscaras, passaportes sanitários ou restrições de circulação. Até os contaminados pelo coronavírus foram dispensados de fazer isolamento social.

O governo do primeiro-ministro, Boris Johnson, pôs em prática o plano “Viver com covid”, antecipando o desfecho dado como certo pela comunidade científica: a covid-19 se tornará uma endemia, ou seja, uma doença comum, como é a gripe.

A decisão da Inglaterra é acompanhada por outros países que já entenderam, nessa altura do campeonato, que a apresentação de passaportes de vacina e lockdowns rigorosos são incapazes de conter o curso da doença. Com o mundo adentrando no terceiro ano da pandemia, algumas “verdades incontestáveis” simplesmente perderam a “validade científica”.

Não dá para seguir em um embate permanente contra a doença, tratando a liberdade como sinônimo de morte e as restrições infinitas como corretas e saudáveis. Parte do planeta já despertou para a realidade.

Ao menos 20 países já anunciaram a flexibilização de regras no combate à pandemia. A Espanha, no mês passado, propôs classificar a covid-19 como uma doença endêmica. Coube ao primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, fazer o anúncio: “A ciência nos deu a resposta para que consigamos nos proteger”, afirmou Sánchez, em entrevista à rádio Cadena Ser. “Nós temos de começar a avaliar a evolução da covid-19 de uma pandemia para uma doença endêmica.” Desde 29 de janeiro, a Espanha voltou a permitir que as pessoas frequentem bares e restaurantes sem restrições. Nem a comprovação de vacinação é necessária.

A Suíça suspendeu a maioria das medidas restritivas contra a covid-19. O uso de máscaras e a apresentação do certificado de vacinação não serão mais exigidos para entrar em lojas, restaurantes, cinemas e teatros. Não há mais restrições para reuniões privadas nem a necessidade de obter licença para grandes eventos.

A Dinamarca liberou geral e derrubou todas as proibições. “Estamos prontos para sair da sombra do coronavírus, nos despedimos das restrições e saudamos a vida que tínhamos antes”, disse a primeira-ministra, Mette Frederiksen.

A Polônia vai remover a maioria das restrições à covid-19 a partir de 1º de março. Na Itália, o uso de máscaras ao ar livre tornou-se facultativo. E Israel derrubou a exigência do passaporte sanitário. O primeiro-ministro, Naftali Bennett, justificou a medida afirmando que a onda de contágio da Ômicron está diminuindo rapidamente. O país, que já está na quarta dose de vacina, quer combater o coronavírus por meio da vacinação, sem “bloquear” a economia.

Combinação ideal para acelerar o fim da pandemia

Depois da chegada da Ômicron, a mais transmissível das variantes do coronavírus, a pandemia perdeu fôlego. No último dia 15, a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou pela segunda vez neste ano queda no número de novos casos de covid-19 no mundo.

As mortes pela doença estão reduzindo. É verdade que já vivemos outros períodos de trégua do vírus, seguidos de surtos ainda piores. Até agora, a doença já matou cerca de 6 milhões de pessoas no mundo e contaminou aproximadamente 430 milhões. Mas em nenhum momento, desde que a OMS decretou a pandemia, em março de 2020, o planeta reuniu três condições capazes de acelerar o fim de tragédias sanitárias causadas por vírus como agora: a vacinação em massa, um vírus menos letal em comparação com outras variantes e a grande quantidade de pessoas que se imunizaram naturalmente, por terem contraído a doença.

Assim como outros vírus respiratórios, o coronavírus provavelmente buscará o equilíbrio entre letalidade e sobrevivência. “O vírus só consegue se multiplicar se ele estiver dentro de um organismo vivo”, explica a infectologista Patrícia Rady Muller. “Não é a intenção do vírus sair matando todo mundo, senão ele não vai ter como se multiplicar e sobreviver.” Logo, variantes com alto poder de infecção se tornam dominantes, mas com baixa capacidade de provocar doenças graves e mortes.

“A alta transmissibilidade faz com que a Ômicron circule com muita rapidez entre suscetíveis, infectando num curto período grande parte da população”, explica José Eduardo Levi, virologista e coordenador de pesquisa da Dasa, uma das maiores redes de saúde integrada do Brasil. “O que também leva à queda rápida pelo esgotamento de suscetíveis e torna a maior parte da população imune.”

O médico Christopher Murray, especialista em métricas da saúde da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, escreveu em artigo, publicado no mês passado, na revista científica The Lancet: “O nível de infecções sem precedentes sugere que mais da metade da população mundial terá sido contaminada pela Ômicron entre novembro de 2021 e março de 2022”.

Somado a isso, já foram aplicados mais de 10 bilhões de injeções anticovid no mundo. Apesar de as vacinas não serem 100% eficazes para evitar contaminações pelo coronavírus, estudos mostram que pessoas vacinadas, quando infectadas, têm menos chances de evoluir para casos graves e mortes. “Embora a Ômicron seja mais competente, tanto em escapar da resposta vacinal quanto da imunidade pós-infecção, já que a taxa de reinfecção por essa variante em quem já teve covid é alta, as vacinas têm evitado quadros mais graves também pela Ômicron”, disse Levi.

A pandemia no Brasil

No final do ano passado, o surgimento da Ômicron causou uma nova onda de pessimismo global. No Brasil, não foi diferente. As festas de réveillon foram canceladas, governantes recuaram em aliviar medidas como uso de máscaras, o trabalho remoto foi reativado e alguns gestores, como o governador de São de Paulo, João Doria, se apressaram em anunciar doses extras de vacinas para a população.

Um novo déjà vu pandêmico se instalou no país. As manchetes voltaram a repercutir recordes de contaminações, alta nas internações hospitalares, a curva de mortes aumentou. De fato, a nova variante impactou o ritmo da crise sanitária no Brasil. Mas os números mostram que o solavanco provocado pela Ômicron, como antecipou reportagem da Revista Oeste, foi bem menos intenso quando comparado com outros períodos da pandemia, e está em desaceleração.

Cenário atual de casos e mortes por covid-19

No Brasil, assim como em outros países em que a Ômicron aterrissou, o número de casos de covid-19 explodiu. Em 3 de fevereiro, o país registrou recorde de infecções: quase 300 mil em um único dia. No entanto, a média móvel de casos, que elimina distorções entre dias úteis e fim de semana, ficou em pouco mais de 90 mil na última quinta-feira, 24, abaixo de 100 mil pela terceira vez desde 19 de janeiro. A redução da taxa ocorre desde 6 de fevereiro, o que também já começa a refletir na diminuição das mortes. O número total de contaminados pelo coronavírus é de pouco mais de 28,5 milhões de brasileiros até agora.

Enquanto boa parte do mundo se despede das restrições impostas por autoridades em razão do coronavírus, o Brasil resiste

Contudo, diferente do que se viu no início de 2021, o índice de mortes não aumentou na mesma proporção que os casos dispararam. A média móvel de mortes registrou queda pelo quarto dia consecutivo, chegando a quase 800, menor número desde 7 de fevereiro. No entanto, levando em consideração o pico da pandemia, em abril do ano passado, quando mais de 3,1 mil pessoas morreram em um único dia, houve redução de cerca de 75% das mortes, considerando a média móvel para sete dias.

A maquiagem das estatísticas

No período mais trágico da pandemia no Brasil, a ocupação de leitos de UTI destinados ao tratamento da covid-19 no Estado de São Paulo chegou perto de 90%, segundo dados da Seade, fundação vinculada à Secretaria de Governo do Estado. Em 7 de abril de 2021, havia cerca de 13 mil pacientes internados para pouco mais de 14 mil vagas.

Ainda no ano passado, quando a pandemia perdeu força, os hospitais reduziram a quantidade de leitos destinados exclusivamente para pacientes com covid-19. Por exemplo, no Estado de São Paulo, a disponibilidade de leitos de UTI covid caiu de 14 mil para menos de 5 mil (redução de quase três vezes).

Nesta semana, em 24 de fevereiro, quase 2,5 mil pacientes ocupavam leitos de UTI covid. No entanto, o governo do Estado registrava lotação acima de 50%. Se a quantidade de UTIs destinadas à covid-19 fosse a mesma de 7 de abril de 2021, a ocupação atual não chegaria a 20%.

Considerando as mais de 14 mil vagas de UTI reservadas em abril do ano passado para pacientes com covid-19, mesmo em 3 de fevereiro — momento de maior pressão no sistema de saúde depois do surgimento da Ômicron até agora —, a lotação teria ficado abaixo de 30%.

Na vanguarda do atraso

Enquanto boa parte do mundo se despede das restrições impostas por autoridades em razão do coronavírus, o Brasil resiste.

Por aqui, os gestores não dispensaram o acessório mais simbólico desta pandemia: as máscaras. Elas continuam por toda parte. São usadas ao ar livre, em alguns casos até dentro de piscinas. Máscaras (às vezes duas) cobrem o rosto em academias, parques, na chegada de restaurantes e festas (sentado pode tirar).

O uso do equipamento, mais do que evitar a contaminação pelo coronavírus, virou gesto político e ato de resistência.

Nesta semana, o Fórum Nacional de Governadores se reuniu para avaliar a flexibilização do uso de máscaras no país a partir de março. O grupo pediu uma análise ao comitê científico para formular um cronograma de transição de medidas restritivas relacionadas à covid.

Outro ponto em que o Brasil patina em relação às nações desenvolvidas é o debate transparente sobre a vacinação infantil. Embora o Ministério da Saúde tenha deixado claro que a vacinação de crianças não é obrigatória, os Estados têm obrigado indiretamente a imunização de menores de 12 anos, sob ameaça de denunciar os pais que optarem por não imunizar seus filhos ao Conselho Tutelar. Para completar o combo do atraso, ainda discutimos a imposição do passaporte sanitário, quando países da Europa já entenderam que a vacinação não impede a transmissão e quem opta por não se vacinar não representa um risco para a humanidade.

O retorno à vida como era antes está mais perto do que nunca. O Brasil não pode ficar para trás.

16 abril, 2020

#FiqueEmCasa

Em jogada arriscada, presidente JB demite Mandetta

Ao demitir o Ministro da Saúde Henrique Mandetta, em meio à pandemia do novo Coronavírus, o Presidente Jair Bolsonaro fez uma aposta arriscada.

Caso os números de infectados suba demasiadamente, conforme a grande maioria das previsões de especialistas, ele será diretamente responsabilizado pela flexibilização das medidas de forte isolamento social - defendida por Mandetta.

Caso contrário, terá a Glória.
[]

16 janeiro, 2018

O crime é OCULTAÇÃO de patrimônio. Qual a dificuldade para os petistas entenderem?

Flavio Morgenstern
Fonte: http://sensoincomum.org/2017/05/17/crime-ocultacao-patrimonio/


Antes de falar em "escritura" ou que o triplex é na verdade da OAS, explique ao amigo petista: o crime é de ocultação. Ocultação. Ocultação!

[...]

Na linguagem totalitária, tudo é exagerado (“fascistas! golpe! destroem nossos direitos!”), enquanto a vida real continua completamente normal. O falante de uma linguagem totalitária é hipersensibilizado e reage a qualquer palavra de imediato, sem formá-la em uma frase (que dirá um argumento lógico, um discurso multifacetado, uma investigação com idas e vindas) e já sai correndo ao abraço ou ao cadafalso a cada vocábulo proferido (“homofobia! machismo! racismo! nazismo!”).

Graças a esta doença da linguagem e ao ensino socio-construtivista de Paulo Freire e quejandos, petistas e aqueles encantados pelo canto da sereia do discurso “social” da esquerda estão com uma dificuldade brutal de entender o que está em jogo na investigação do triplex no Guarujá e no sítio de Atibaia, utilizados por Lula.

O crime investigado é o de ocultação de patrimônio. Ocultação. Não ostentação, em termos capazes de serem apreendidos até por leitores de Leonardo Sakamoto. É ocultação. O ato de ter um patrimônio e ocultá-lo.

Para a esquerda, tão viciada em falar de “sonegação” e tentar resolver todos os problemas do mundo aumentando impostos, tirando dinheiro do bolso do trabalhador e o transferindo para o controle de políticos (o que pode dar errado?), bastaria fazer uma analogia. Talvez reclamar que Lula não tem pagado os impostos ajudaria a deixar esquerdistas com os cabelos em pé.

É claro, é preciso manter tal informação tríplice fresca nas sinapses (Lula desfruta de um bem; o bem não é dele; ele oculta que desfruta do bem) e adicionar o componente que transfere o caso de mero problema com a tão amada Receita Federal para a esfera criminal: o patrimônio, ao que tudo indica, lhe foi dado como propina em troca da facilidade de contratos com o governo.

Correlato à ocultação de patrimônio, há o crime de lavagem de dinheiro.

Ora, é algo simples de entender: ao invés de dinheiro vivo, o que daria nas caras mesmo do partido mais profissional na lavagem de dinheiro, Lula recebia diretamente os bens milionários, sem precisar passar dinheiro por sua conta, o que faria com que a operação fosse percebida.

Assim, quando a defesa de Lula saca imediatamente a frase feita “Não há escritura em nome de Lula” para dizer que ele está ileso, está apenas jogando para a plateia de trouxas que sabem serem trouxas manipuláveis, tratando-os como imbecis: afinal, é tautológico que, num processo de ocultação de patrimônio, o patrimônio está oculto (se houvesse escritura, Lula dificilmente seria obrigado a mostrar como tem dinheiro para um triplex).

Juridicamente, é nulo: o juiz sabe muito bem. Para manipular uma militância que julgam ter a capacidade de raciocínio de uma planária, é uma aposta certa. Como Lula só não está preso pela comoção social, sua defesa sabe bem o que faz.

O mesmo se dá quando Lula garante que o triplex é da OAS. Pode facilitar a reação de quem pensa em uma única camada, de quem reage de pronto a qualquer palavra como uma mosca varejeira segue a direção de excrementos: juridicamente, ainda é o que a própria acusação está lhe dizendo. Ou quando blogs dizem que “não encontraram documentos provando que o triplex é de Lula” (o mesmo que precisar haver “documentos” provando que o dinheiro na Suíça é de Eduardo Cunha).

[...]

A confissão é a rainha de todas as provas – confessio regina probationum est, já sabiam os romanos. Se os indícios apontam para diversas reuniões que Lula não consegue explicar, documentos atestam que o triplex era um “presentinho” pelo qual ele nunca iria pagar (afinal, estavam praticando ocultação de patrimônio), há confissões e mais confissões que apenas complicam a vida dos confessores e a defesa Lula só sabe repetir que o triplex era na verdade da OAS e que não há nenhuma escritura com assinatura de Lula (mas há documentos em seu apartamento relativos à pequena gorjeta de três andares), quem ainda é trouxa de acreditar numa defesa repetindo flatus vocis, palavras vazias, para tontos repetirem asnaticamente?

29 novembro, 2017

É melhor jogar papel higiênico no lixo ou no vaso?

A maioria dos brasileiros joga papel higiênico usado no lixo, algo que é encarado com surpresa por americanos ou europeus que vêm fazer turismo por aqui. É que, nesses países, quase todo mundo joga tudo na privada, e morre de nojo de pensar em manusear o cesto com resquícios de fezes diariamente.

Jogar papel higiênico no vaso sanitário em diversos países do mundo é uma prática comum.

Tem a grande vantagem de afastar rapidamente o resíduo, evitando manipulação e possíveis contaminações, pois pula etapas como o armazenamento em lixeiras (e o uso de saquinhos), evita a coleta manual e transporte na via urbana.

Evitar o descarte no vaso sanitário, no Brasil, é algo que está ligado a um motivo muito simples: pouco mais da metade das casas têm acesso à rede coletora de esgoto.

Não se trata apenas de lugares pobres. Você pode passar as férias em uma bela casa no litoral e descobrir que, lá, xixi e cocô são direcionados para fossas sépticas, tanques enterrados no quintal com substância que digerem os sólidos, permitindo um descarte mais seguro para o meio ambiente. E a questão é que o papel higiênico pode entupir as fossas, prejudicando todo o processo.

Já para quem conta com rede coletora de esgoto, jogar papel higiênico na privada está liberado com algumas ressalvas.

Veja a resposta da Sabesp, empresa de saneamento paulista, para a pergunta:

"O papel higiênico pode ser jogado na privada, quando não houver problemas com entupimento na rede interna, o que ocorre somente em redes domiciliares antigas e com traçado com muitas curvas. Em geral, em prédios, devido à maior pressão da água e os desníveis elevados, não há obstruções por este resíduo."

A companhia ressalta que a medida vai ao encontro da recomendação das Vigilâncias Sanitárias, de evitar a manipulação de papel sujo com fezes, um resíduo contaminado microbiologicamente.

E continua: "Nos coletores tronco da rede pública (diâmetro superior a 300 mm) não há registro de casos de obstrução atribuível ao papel higiênico, que rapidamente se desagrega com o fluxo de água. Nesse caso, as obstruções estão associadas a resíduos como cabelos, fibras/pelos, fio dental, lixo plástico, preservativos, absorventes higiênicos, hastes flexíveis, aparelhos de barbear descartáveis, pontas de cigarro, brinquedos etc., que deveriam seguir para o lixo ou para reciclagem".

Ainda de acordo com a Sabesp o papel higiênico – tanto faz se mais fino ou mais grosso – vai ser parcialmente dissolvido na água.

Eu sou a favor de se jogar o papel no vaso, já que o impacto ambiental do papel higiênico é menor, pois será decomposto pelos micro-organismos nas estações de tratamento de esgoto.

31 dezembro, 2016

Tempo que foge!

* Ricardo Gondim

Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para frente do que já vivi até agora. Sinto-me como aquele menino que ganhou uma bacia de jabuticabas. As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.

Já não tenho tempo para lidar com mediocridades. Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados. Não tolero gabolices. Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.

Já não tenho tempo para projetos megalomaníacos. Não participarei de conferências que estabelecem prazos fixos para reverter a miséria do mundo. Não vou mais a workshops onde se ensina como converter milhões usando uma fórmula de poucos pontos. Não quero que me convidem para eventos de um fim-de-semana com a proposta de abalar o milênio.

Já não tenho tempo para reuniões intermináveis para discutir estatutos, normas, procedimentos parlamentares e regimentos internos. Não gosto de assembléias ordinárias em que as organizações procuram se proteger e perpetuar através de infindáveis detalhes organizacionais.

Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturos. Não quero ver os ponteiros do relógio avançando em reuniões de "confrontação", onde "tiramos fatos à limpo". Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário do coral.

Já não tenho tempo para debater vírgulas, detalhes gramaticais sutis, ou sobre as diferentes traduções da Bíblia. Não quero ficar explicando porque gosto da Nova Versão Internacional das Escrituras, só porque há um grupo que a considera herética. Minha resposta será curta e delicada: – Gosto, e ponto final! Lembrei-me agora de Mário de Andrade que afirmou: "As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos". Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos.

Já não tenho tempo para ficar dando explicação aos medianos se estou ou não perdendo a fé, porque admiro a poesia do Chico Buarque e do Vinicius de Moraes; a voz da Maria Bethânia; os livros de Machado de Assis, Thomas Mann, Ernest Hemingway e José Lins do Rego.

Sem muitas jabuticabas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita para a "última hora"; não foge de sua mortalidade, defende a dignidade dos marginalizados, e deseja andar humildemente com Deus. Caminhar perto dessas pessoas nunca será perda de tempo.

Soli Deo Gloria.

* Ricardo Gondim Rodrigues é teólogo brasileiro, presidente nacional da Igreja Betesda, presidente do Instituto Cristão de Estudos Contemporâneos, conferencista. Tem programa de rádio e é colunista de vários veículos de comunicação. http://www.ricardogondim.com.br/poemas/1401/

09 dezembro, 2016

O Brasil é um monstro que nos engole todos os dias

"Você talvez tenha mais chance de escapar da ferocidade nacional se for um mico-leão-dourado, uma ararinha-azul ou uma baleia jubarte."

Por Mario Sabino*
Dois turistas italianos entraram numa favela carioca e um deles foi executado por traficantes. Levou um tiro na cabeça e outro no braço. Ambos viajavam de motocicleta pela América do Sul. Ainda está nebuloso se foram parar na favela por engano, guiados pelo aplicativo Waze, ou se à procura de uma peça de moto. Não importa.

Recentemente, Marcelo Crivella, prefeito eleito do Rio de Janeiro, disse que pretendia ressarcir turistas roubados na cidade. Pode-se ressarcir alguém por um celular, uma carteira, uma bolsa — mas como ressarcir por uma vida?

A vida é um valor inestimável, sim, mas no Brasil não tem valor nenhum. Seja a de brasileiros ou estrangeiros. Repiso que somos o líder mundial em homicídios. São quase 60 mil por ano. Você talvez tenha mais chance de escapar da ferocidade nacional se for um mico-leão-dourado, uma ararinha-azul ou uma baleia jubarte.

Nada contra os bichos. O Brasil, contudo, precisa criar também a proteção ecológica de seres humanos decentes. Os únicos da espécie que contam com medidas protetivas eficazes, de vida e patrimônio, são os bandidos de colarinho branco.

Ao escrever “seres humanos”, veio-me à cabeça um texto de Paulo Mendes Campos, de quem tive a honra de ser amigo, ainda que no finalzinho da sua vida. Em 1969, ele escreveu:

“Imaginemos um ser humano monstruoso que tivesse a metade da cabeça tomada por um tumor, mas o cérebro funcionando bem; um pulmão sadio, o outro comido pela tísica; um braço ressequido, o outro vigoroso; uma orelha lesada, a outra perfeita; o estômago em ótimas condições, o intestino carcomido de vermes… Esse monstro é o Brasil."
Os turistas italianos foram engolidos por esse monstro. Nós somos engolidos por esse monstro todos os dias.

* Mario Sabino jornalista e escritor. Foi redator-chefe da revista Veja até o final de 2011, e atualmente escreve em O Antagonista.

19 agosto, 2016

​"Sensacionalista" com muito orgulho

Por Mario Sabino


Quando atacam O Antagonista, os detratores do site costumam usar o adjetivo "sensacionalista", entre outras delicadezas.

O sensacionalismo é definido pelo Dicionário Aurélio como "divulgação e exploração de matéria capaz de emocionar, impressionar, indignar ou escandalizar".

Em geral, aplica-se o qualificativo aos tabloides que se dedicam a vasculhar a intimidade de celebridades dos mais diversos campos e tirar proveito de tragédias.

Não há como negar que O Antagonista divulga e explora a política brasileira como um dado emocionante, impressionante, capaz de indignar e escandalizar. O adjetivo "sensacionalista" é, portanto, aplicável ao site.

Para infortúnio dos detratores de O Antagonista, no entanto, esse é justamente o motivo do nosso sucesso. Conseguimos transformar o sensacionalismo em algo positivo, ao tratar sem mesuras -- e, quando é o caso, aos gritos escandalizados -- esse espetáculo indecoroso que é a política brasileira. Com isso, atraímos uma legião de leitores que andava entorpecida pelo jornalismo de gabinete que contamina as publicações tradicionais. Com isso, atraímos uma legião de leitores que jamais havia se interessado por política, pelo fato de a enxergarem lá longe, como um mundo apartado da vida real -- quando é justamente o contrário, a política é que está por trás de todas, absolutamente todas, as mazelas que infernizam o cotidiano do país.

No Brasil, confunde-se equilíbrio jornalístico com medo do poder e, não raro, certa cumplicidade com mandachuvas. Ouve-se com "imparcialidade" até bandido flagrado com dólar encontrado na cueca. Como sou "extremista", permito-me dizer que, estivesse cobrindo o Tribunal de Nuremberg, a imprensa nacional de hoje em dia iria ouvir o choro dos advogados de Hermann Goering ou Alfred Rosenberg, a fim de "compensar" as acusações contra esses monstros nazistas. E todos eles "teriam exterminado judeus e outras minorias", porque a "presunção de inocência" deve valer até o fim. O mais curioso é que tanta "isenção" não levou a que os jornais errassem menos. Só se tornaram mais anódinos.

Agradeço, portanto, o adjetivo "sensacionalista" que volta e meia nos dirigem. Enquanto tivermos leitores, continuaremos a emocioná-los, indigná-los e escandalizá-los com o escândalo que é a política brasileira, porque estamos do lado dos cidadãos do bem e queremos que eles (nós) mudem o país. E também seguiremos tentando diverti-los, porque às vezes só dá mesmo para fazer piada com as mentiras que essa gente nos conta.

05 junho, 2016

O Antagonista - Exclusivo: Dilma repassou R$ 11 milhões a blogueiros em 2016

Vergonha!!!

Sob comando de Miriam Belchior, a Caixa foi generosa com os blogueiros e sites amigos do PT.

Brasil 247, Diário do Centro do Mundo, Revista Fórum, Carta Maior e Conversa Afiada foram beneficiados com contratos acima de meio milhão. Todos com duração até dezembro - cancelados por Michel Temer.

Clique aqui e veja a lista completa: http://m.oantagonista.com/posts/exclusivo-dilma-repassou-r-11-milhoes-a-blogueiros-em-2016