09 julho, 2013

Dilma vendeu o sofá

A divulgação do governo do programa "Mais Médicos", anunciado ontem com pompas e circunstâncias, me fez lembrar uma velha piada do marido traído que ao chegar em casa e ver a mulher com um amante no sofá da sala, toma uma drástica decisão: vende o sofá. Dilma vendeu o sofá.

Os problemas da saúde pública no Brasil vão muito além da falta de médicos.

Hoje (9) foi publicado no Diário Oficial da União, a medida provisória e os editais com as regras do programa "Mais Médicos".

Antes de ser um programa com o foco efetivo no cerne do problema, é um programa paliativo.

O governo errou no diagnóstico e prescreveu o remédio errado.

Dilma não entendeu que a saúde pública carece de cuidados extras, plenamente identificados pelos usuários que lotam os corredores dos hospitais públicos. Não é necessário ser especialista na área para identificar tais necessidades. Basta um pouco de percepção.

Criar uma espécie de serviço médico obrigatório (a exemplo do que ocorre nas forças armadas) além de autoritário é completamente ineficaz. O governo incluiu um novo ciclo de formação nos cursos de medicina a partir de 2015. O diploma só será liberado ao estudante que cumprir esse segundo ciclo, obrigatório, e ser aprovado. Vai atrasar ainda mais a formação de novos médicos.

Enquanto isso médicos, estrangeiros ou brasileiros, formados em universidades fora do país, poderão obter - de forma temporária - o registro junto ao Conselho Federal de Medicina (CFM), e ficarão isentos de realizar o Revalida (Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos). Desnecessário dizer que as universidades estrangeiras não estão sujeitas as nossas normas acadêmicas.

Dois principais fatores impedem os médicos brasileiros de se fixarem no interior do país: a falta de estrutura do SUS, que é extremamente deficiente, e a falta de um plano de carreira.

E o ponto nevrálgico não foi sequer atacado. O país, além de médicos, precisa principalmente, de mais leitos, hospitais públicos decentes, medicamentos, UTIs e etc.

Dilma entende que vendendo o sofá o problema da saúde estará resolvido.

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