“Passei a faixa presidencial ao Lula com emoção”, disse FHC, supondo que uma parceria ali se estabelecesse. Deu-se o contrário. Já no dia seguinte à posse, José Dirceu, o “capitão do time”, brandiu pela primeira vez o bordão da “herança maldita”, que se tornaria peça de resistência da Era Lula.
Tudo o que não funcionava, tudo o que se revelava desastroso nas ações do novo governo tinha dono: a herança maldita de FHC. Paradoxalmente, Lula mantinha os fundamentos econômicos do governo anterior, incluindo nomes que haviam sido sustentáculos daquele período, como o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.
Fernando Henrique, com a bagagem que tem – e, sobretudo, com a íntima e veterana convivência com o pensamento esquerdista -, não tinha direito a tanta ingenuidade. Nada do que leu, ouviu ou observou poderia fazê-lo supor que o PT admitisse a hipótese de alternância democrática no poder. Senão, vejamos.
Já na sequência do Plano Real, quando sua candidatura mostrou-se inevitável, FHC convidou Lula para vice, na tentativa de estabelecer uma parceria que vislumbrava de longo prazo, capaz de conduzir o país por décadas.
Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente da República
Leia mais: O desencanto de FHC - Ricardo Noblat: O Globo
Nenhum comentário:
Postar um comentário