16 abril, 2011

Roberto Medina,

Luiz Antonio Mello (LAM)
Blog do LAM

Em 1984 você me convidou para uma reunião na Artplan. Lembro que o telefone da Radio Fluminense FM tocou, a secretária atendeu e disse "Luiz Antonio, ligação. É um cara chamado Roberto Medina". Sinceramente achei que fosse trote. "Medina, o lendário, ligar pra mim?" Atendi e era você mesmo.

Chegamos eu, Carlos Lacombe, Alvaro Luiz Fernandes e Hilário Alencar a sede da Artplan na Fonte da Saudade, Lagoa, Rio. Roberto, tenho que descrever os lugares porque, felizmente, essa Coluna é lida em muitos outros estados e até países. Bom, chegamos lá sem ter idéia do assunto em pauta. Foi quando você nos levou a uma grande sala de reuniões, nos apresentou ao Luiz Oscar Niemeyer e uma figura mitológica e saudosa, Oscar Ornstein, o homem que trouxe Frank Sinatra para cantar no Maracanã. Como esquecer?


Ágil, você disse que ia fazer um festival de Rock chamado Rock in Rio e passou a nos mostrar lâminas de imagens mostrando a cidade do Rock, palcos, camarins, shoppings, enfim, tudo. O que queria de nós? Como a Rádio Fluminense FM era a maior autoridade em Rock da mídia eletrônica, você queria a nossa opinião sobre quem convidar. Lembro que perguntei "vale qualquer um?" e você respondeu "vale sim".


Bem, voltamos para a Rádio meio zonzos. Seria verdade. Sim, era verdade. Pusemos no ar uma enquete (ainda sem falar do festival, a seu pedido) perguntando "quem você gostaria de assistir no Rio, ao vivo?". O Led Zeppelin (que acabou em 1980) ganhou disparado, seguido de Jimi Hendrix (morto em 1970), The Who (parado, em crise em 1984), Dire Straits (gravando o álbum "Brothers in Arms") e os que acabaram vindo ao festival: Queen, AC/DC, Whitesnake, etc.


Vieram outras reuniões e numa delas soubemos que a rádio oficial do evento seria a líder em audiência no Rio (a Fluminense estava em quarto), totalmente brega. Mas a Maldita acabou se tornando a emissora "pirata" do festival. Muita gente anunciou na rádio que, finalmente, começava a fechar os meses no azul. Eu me envolvi até o pescoço com o Rock in Rio, e meus amigos da rádio mais ainda. Por isso me sinto à vontade para escrever esse bilhete.


Roberto, você não perguntou mas eu quero deixar claro para você que não concordo com a grade do festival deste 2011. Acho até que você poderia pensar na hipótese de mudar o nome para "Pop in Rio" porque de Rock autêntico tem muito pouco ou quase nada. Sei que está tudo pronto, o nome já está sedimentado, mas acho tecnicamente incorreto chamar o casting do festival de "rockers". Eu adoro Milton Nascimento, tenho vários discos, já o entrevistei, já escrevi muitos artigos sobre ele, mas Milton sabe que não é Rock. Nem Cláudia Leitte, nem Shakira.


É claro que não sou sonhador já que a marca Rock in Rio, além de estar consagrada mundialmente, rende dividendos financeiros astronômicos. Mas, sinceramente Roberto, eu não poderia ficar quieto. Em nome do Rock, em nome daquele primeiro Rock in Rio, em nome do que nós todos participamos, enfim, em nome da verdade, essa é a minha oposição.

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