U2 abre turnê latino-americana com show para 80 mil no Chile

O U2 não estava exagerando quando batizou seu novo show de "360º". O nome, afinal de contas, veio por causa do palco da turnê, que poderia ser visto de qualquer canto dos enormes estádios por onde passaria. Pois é isso mesmo: apesar de haver claramente uma "frente", um lado para qual a banda fica virada a maior parte do tempo, quem está nas laterais e até atrás do palco tem uma excelente visão do espetáculo.

Nem tudo é perfeito, obviamente. Como se trata de um show de proporções gigantescas - em Santiago do Chile, onde o espetáculo fez sua estreia na América Latina nesta sexta, o público estimado foi de 80 mil pessoas -, é claro que muita gente ficou bem, mas bem longe do palco. E, nesse caso, Bono, The Edge, Adam Clayton e Larry Mullen Jr. eram figuras tão pequenas que o jeito era ver o show pelos telões.

Telões que, como toda a estrutura do show, impressionam. A definição é perfeita e, assim como o palco, eles podem ser vistos de qualquer lugar do estádio. Só não chamam mais atenção que "a garra", nome de batismo da enorme estrutura de quatro pernas que envolve o palco e parece estar a ponto de sair caminhando por sobre o público.

Mas nem tudo é parafernália no show do U2. Há também a música e, pelo menos em quantidade, ela não decepcionou. O grupo tocou durante duas horas, num total de 23 canções e dois bis. A apresentação comecou às 21h40 (meros 10 minutos de atraso), com "Beautiful Day" e seguiu com "I Will Follow" e "Get On Your Boots". As três primeiras músicas já entregaram como seria o repertorio: uma mistura equilibrada das várias fases dos mais de 30 anos de carreira da banda.

Bono aplaude plateia em Santiago

As favoritas do público chileno, assim como deve acontecer no Brasil, foram as canções clássicas dos anos 1980. "I Still Haven't Found What I'm Looking For" e "Pride (In the Name of Love)" provocaram verdadeira comoção, assim como "Sunday Bloody Sunday", guardada para o final.

Mas mesmo as faixas mais recentes foram recebidas com entusiasmo, especialmente a dobradinha "Vertigo" e "City of Blinding Lights".

Também não faltou a pregação política tão cara ao vocalista Bono. O cantor citou de Nelson Mandela a Victor Jara (cantor chileno assassinado pela ditadura de Augusto Pinochet e que dá nome ao Estádio Nacional). Em "One Tree Hill", deu um presente especial ao público local: chamou ao palco a cantora Francisca Valenzuela, uma das revelações do pop chileno, para um dueto. Em "In a Little While", a convidada foi uma fã.

Após tocar 18 musicas, o U2 deixou o palco. Voltou logo em seguida e tocou dois de seus maiores sucessos, "One" e "Where the Streets Have no Name" - nas duas, o público cantou junto com Bono do início ao fim. O grupo ainda voltou para um segundo bis, com a ótima "Hold Me, Thrill Me, Kiss Me, Kill Me" e mais "With or Without You" e "Moment of Surrender".

Depois da apresentação desta sexta em Santiago, o grupo parte para três performances em Buenos Aires, na Argentina, nos dias 30 de março e 2 e 3 de abril. Em seguida, toca no estádio do Morumbi, em São Paulo, em 9, 10 e 13 de abril. Os ingressos estão esgotados.

Veja abaixo o repertório do show desta sexta-feira em Santiago:

01. "Beautiful Day"

02. "I Will Follow"

03. "Get On Your Boots"

04. "Magnificent"

05. "Mysterious Ways"

06. "Elevation"

07. "Until the End of the World"

08. "I Still Haven't Found What I'm Looking For"

09. "One Tree Hill"

10. "Pride (In the Name of Love)"

11. "In a Little While"

12. "Miss Sarajevo"

13. "City of Blinding Lights"

14. "Vertigo"

15. "I'll Go Crazy If I Don't Get Crazy Tonight"

16. "Sunday Bloody Sunday"

17. "Scarlet"

18. "Walk On"

Bis 1

19. "One"

20. "Where the Streets Have no Name"

Bis 2

21. "Hold Me, Thrill Me, Kiss Me, Kill Me"

22. "With or Without You"

23. "Moment of Surrender"