20 novembro, 2006

Pelo Celular

Criminosos fazem ameaças pelo telefone, dizem que um parente da vítima está seqüestrado e exigem dinheiro. Veja na reportagem o que fazer para se proteger do golpe.

Desempregado e sem dinheiro para terminar a casa seu Adevenil não conseguia entender porque o filho seria vítima de um seqüestro. A notícia veio pelo telefone.

“Eu seqüestrei seu filho e você vai ter que me que dar R$10 mil. Você tem 10 minutos para arrumar esse dinheiro senão eu vou matar o Marcelo”, conta Adevenil Santos Silva, desempregado.

Tudo não passava de um golpe, uma tentativa de tomar dinheiro do desempregado. Todos os meses a policia registra uma média de 6 mil ligações como essa no estado.

O golpe do seqüestro geralmente é aplicado por pessoas que já estão presas. Os detentos usam celulares e uma lista telefônica que conseguem durante as visitas.

Há mais de um ano a policia monitora essas ligações. Os golpes começam sempre com a mesma história:

“Oi, bom dia! Eu sou o Sérgio Ferreira, da polícia rodoviária federal. É que acabou de ocorrer uma batida de carro envolvendo alguns veículos. E uma das pessoas que se envolveu na batida mandou ligar pra esse número pra poder falar com alguém da família. O senhor é o dono da residência?”.

Preocupada a vítima passa as principais informações da família para o preso.

“Aqui é um escritório, o dono do escritório é o Fábio”, diz a vítima.
“O Fábio tem algum irmão que dirige carro?”, pergunta o preso.
“Se tem algum irmão?”, pergunta a vítima.
“É!”, diz o preso.
“Tem, o Evandro”, responde a vítmia.
“Você poderia me passar o telefone do Fábio, por favor, pra eu entrar em contato com ele agora com urgência?”, encerra o preso.

Em seguida ligam para Fábio:

“Nós fomos fazer um assalto. O assalto deu errado. A única coisa que consegui foi pegar o seu "coroa" como refém. Agora, se você não quiser seguir as minhas regras, e se encontrar com a gente, nós vamos liberar o seu pai. O senhor vai pagar ou quer que a gente tome outro tipo de atitude?”, ameaça o preso.

Outro preso continua a negociação.

“Preste bem atenção: você tem os R$5 mil na mão ou você vai ter que ir no banco tirar o dinheiro?”, diz o preso
“Eu vou ter que ir no banco ainda, meu”, responde a vítima.

A policia acredita que 10% das ligações são feitas dos presídios paulistas e 90% do Rio de Janeiro. Nesse ano a policia chegou a identificar 8 presos que aplicavam esse tipo de golpe,mas os telefonemas não pararam.

“Eu vou explicar a senhora o que tá acontecendo. Tá todos os dois aqui em meu poder. Vítima de um seqüestro-relâmpago. Se a senhora desligar o telefone ou envolver a polícia eu vou executar os dois agora a "tiro". Nós "tamo" pedindo R$10 mil reais pra liberar os dois agora com vida. Sem tortura. A senhora tem o dinheiro pra entrar num acordo com a gente ou eu posso desligar o telefone e matar a sua filha e o seu genro?”, ameaça o preso.

“Olha, deixa eu te falar: eu não tenho mas eu vou arrumar”, aceita a vítima.

“Normalmente a polícia não liga a cobrar. Na maioria das vezes as ligações são a cobras. A pessoa tem que se manter tranqüila e não dar informações que é tudo que os criminosos querem”, explica Wilson Negrão, delegado.

A polícia militar afirma que não telefona para os parentes das vítimas envolvidas em acidentes.

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