
Essa realidade evidencia um problema estrutural: a escassez de lideranças comprometidas com o bem comum. A cidade precisa, com urgência, resgatar a essência da verdadeira liderança política.
Mais do que administradores eventuais, a cidade carece de representantes que compreendam o peso do cargo que ocupam, que saibam servir e que tenham a coragem de conduzir o município para um caminho de desenvolvimento justo, sustentável e alinhado com as aspirações de sua população
O atual prefeito simboliza parte desse contexto. Trata-se de um gestor jovem, bem-intencionado, mas que ainda demonstra imaturidade diante da complexidade da administração pública. Sua reeleição não se deveu a um projeto sólido de desenvolvimento, mas à falta de líderes políticos de envergadura, com experiência e compromisso público – que já marcaram outros momentos da história política bom-jesuense. Esse fato não deve ser visto como uma crítica individual, mas como um alerta sobre a fragilidade das nossas estruturas de liderança.
As consequências dessa lacuna são perceptíveis. A descrença da população cresce ao mesmo tempo que se sente desassistida; as instituições perdem credibilidade; a desunião e a sensação de abandono tornam-se cada vez mais presentes e as decisões políticas acabam pautadas por vantagens fugazes, em vez de uma visão estratégica de longo prazo. A percepção é de que o futuro da cidade é definido por conveniências momentâneas e sem responsabilidade com o interesse público. Esse quadro exige reflexão profunda.
Bom Jesus do Itabapoana necessita urgentemente de representantes que transcendam o imediatismo eleitoral, que compreendam o peso da responsabilidade pública, que compreendam a importância de servir e que devolvam à política local o seu verdadeiro propósito: construir uma cidade mais justa e próspera.
É hora de recuperar a essência da boa política. Mais do que apontar falhas, é necessário pensar em caminhos. Bom Jesus precisa de lideranças que se coloquem a serviço do interesse público, que tenham coragem de pensar o futuro de forma coletiva e que saibam transformar o potencial do município em resultados concretos para sua gente.
O debate sobre a qualidade de nossos representantes não deve ser evitado; pelo contrário, deve ser o ponto de partida para um novo ciclo de desenvolvimento político, pautado na responsabilidade e na ética, digno da história e do potencial de nosso município.
Ricardo Teixeira é advogado e pós-graduado em Direito Público.
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