17 fevereiro, 2014

A cara-de-pau da cara PresidANTA

O dever de um jornal - Jornal O Globo

Se há algo a que os jornalistas estão acostumados é a contrariedade que a publicação de fatos negativos sobre pessoas, partidos, artistas, políticos, empresários gera naqueles que os admiram, respeitam e os têm acima do bem e do mal. O fenômeno é diário, e recebido pelo jornal como algo natural.

Essa contrariedade se expressa de diversas formas: cartas, e-mails, telefonemas e comentários em redes sociais. E até mesmo em colunas assinadas publicadas por colaboradores: como o jornalismo deve buscar a expressão livre de opiniões para que o leitor tenha diante de si uma pluralidade de ideias, é normal que colunistas divirjam do próprio jornal em que escrevem.

O episódio em torno do deputado Marcelo Freixo é um exemplo. Muitos criticaram a postura da imprensa em geral, e do GLOBO em particular, de publicar fatos que o tocavam diretamente.

(...)

O que faz um jornal diante disso? Omite os fatos na presunção de que o deputado Marcelo Freixo é um homem acima do bem e do mal? Mas esses homens, infelizmente, não existem. E, se existissem, nem eles poderiam ganhar da imprensa essa imunidade. O dever da imprensa é jogar luz sobre os fatos, não importando se atingem fulanos ou sicranos

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14 fevereiro, 2014

Um plenário de covardes

Cora Ronai
(O Globo, País, 14.2.2014)


Sou uma brasileira traumatizada -- não há outra palavra -- com o que acontece no Congresso Nacional. Não acredito nas boas intenções de uma casa onde tudo, do salário dos servidores de cafezinho à compra de passagens aéreas, é um tapa na cara da sociedade. Não acredito na correção e no patriotismo de congressistas cujo único objetivo é enriquecer e se manter no poder; e os culpo pelo perigo a que nos expõem com este comportamento, que é um permanente convite para que "salvadores da pátria" contem com o apoio da população para acabar com a democracia que conquistamos.

O voto aberto é uma pequena réstia de sol que entra neste porão apodrecido e fedorento. Não consigo, porém, saudá-lo com o necessário otimismo, pelo menos em relação aos parlamentares que aí estão. Neste momento, ele apenas revela um plenário de covardes, sem coragem de assumir as suas convicções por medo de perder as sinecuras. O verdadeiro Congresso, a sua verdadeira alma, não é a que condenou agora, sob a luz, um colega presidiário; é a que o absolveu, quando ninguém estava olhando.