29 setembro, 2005

República das Alagoas

Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado; o alagoano, Aldo Rebelo (PSDB-SP), presidente da Câmara; José Tomaz Nonô (PFL-AL), vice-presidente da Câmara.

28 setembro, 2005

Ronald Golias e o Agente 86 II

Todo mundo escreveu sobre Golias e Adams hoje. Até a charge de O Globo foi sobre os dois. A coluna do Artur Xexéo também. Ao contrario de minha opinião Xexéo gostava do personagem de Golias. Confira:

"Ô, Cride! Fala pra mãe...

Até os meus 9 anos, nunca tinha visto televisão. Na verdade, acho que nem sabia o que era televisão. Era um eletrodoméstico que, definitivamente, não fazia falta lá em casa. Foi assim, até certa noite de sábado em que acompanhei meus pais numa visita a um casal de amigos. Tinha um aparelho de TV no meio da sala. Estava ligado. O casal se divertia com o programa “Praça da Alegria”, na TV Rio. Já estava acabando. Só faltava mais um quadro. O melhor ficava por último. Manoel de Nóbrega, o apresentador, recebe no banco da praça um comediante jovem, interpretando um garoto, de calças curtas, um boné enviesado na cabeça e uma profusão de caretas. Era engraçadíssimo.

A partir daí, a TV passou a ser um utensílio de primeira necessidade lá em casa. Como seguir em frente sem acompanhar, uma vez por semana, as piadas de Ronald Golias na “Praça da Alegria”? Foi Golias quem levou a televisão para minha casa.

Ele foi certamente o primeiro grande comediante da televisão. Até então, os cômicos vinham do rádio e do teatro de revistas. Muitos alcançaram projeção nacional transferindo-se para o cinema. Golias, que também começou no rádio, foi o primeiro a ficar nacionalmente conhecido por seu trabalho na TV. Esse personagem da praça era ingênuo, de piadas meio bobas. Mas fazia rir pela personalíssima expressão corporal do ator. Foi o primeiro de uma série de três que dominou o humor da TV nos anos 60.

Depois dele, veio o Bartolomeu Guimarães, um velho de barbas longas, cabelo comprido, túnica e cajado que dormia no meio das conversas e, quando acordado, falava coisas sem sentido. “A vida... o tudo... o caminhar...”, e, dobrando o dedo indicador direito diante da câmera, concluía: “... o gancho!”. Como se vê, uma bobagem. Nonsense total. Mas de fazer o espectador se dobrar de rir. Bartolomeu Guimarães era um dos personagens centrais de uma experiência única na televisão brasileira: uma telenovela humorística. Era ele quem mais fazia rir em “Ceará contra 007”, uma sátira aos filmes de espionagem daqueles tempos.

Mais para o fim da década, lançou no bem-sucedido “Família Trappo” o personagem que o acompanhou até a morte: o Bronco. Este tinha pouco da ingenuidade dos que o antecederam. Era malandro, golpista, não queria saber de trabalho, vivia encostado na casa da irmã, infernizando a vida do cunhado. “Família Trappo” acabou, mas Bronco continuou no ar. Ainda faz parte da programação do SBT como antagonista de Moacyr Franco no seriado “Meu cunhado”. O humor de Golias era quase infantil, talvez por iso agradasse tanto às crianças. ultimamente, o texto que recebia era pesado. Pelo menos, mais pesado do que os dos primeiros anos de vida de Bronco. Mas em Golias isso não pegava mal. Mais gozado do que o que ele dizia era a maneira com que ele dizia. A piada mais pesada acabava ganhando ares inocentes nas expressões de caretas infantis.

Golias pertenceu à época de ouro do humor na TV. Nos anos 60, eram os programas humorísticos que puxavam a audiência, assim como as novelas fazem hoje. Não era fácil se sobressair numa turma da qual faziam parte Chico Anysio, Jô Soares, Vagareza, Consuelo Leandro, Nancy Wanderley, Nair Bello, Renato Corte Real, Murilo Amorim Correa, Zilda Cardoso... Era preciso ser muito bom para alcançar o estrelato. Golias era.

***

Na mesma semana em que Golias se foi, morreu também outro ícone do humor dos anos 60: Don Adams, o protagonista de “Agente 86”, talvez o mais engraçado seriado cômico da TV americana de todos os tempos. Adams representava o agente secreto Maxwell Smart, o mais desastrado agente secreto de todos os tempos também. Adams, na verdade, chamava-se Donald Yarmy. Por causa deste Y no sobrenome, sempre era o último, ou um dos últimos, a ser chamado em testes de teatro ou cinema. Resolveu trocar de nome, então, e escolheu um que começasse com A. Passou a ser sempre o primeiro da lista. Em outras palavras, começou a carreira com uma piada.

Mas confesso que meu personagem preferido de “Agente 86” era a agente 99 vivida por Barbara Feldon. O que mais me encanta na biografia de Barbara é que ela participou, em 1957, de um programa de perguntas e respostas da TV americana, “A pergunta de US$ 64 mil”. Uma espécie de “O céu é o limite”, o programa ficou famoso por ter sido investigado por uma comissão parlamentar de inquérito do Congresso dos Estados Unidos depois de ser acusado por um dos participantes de ter o resultado manipulado pelos produtores. Essa história foi contada por Robert Redford em seu filme “Quiz show”.

Bem, não sei se Barbara estava incluída entre os que se beneficiaram da maracutaia. Mas ela ganhou o prêmio máximo do programa, os tais US$ 64 mil, respondendo sobre Shakespeare. Como se vê, não era só um rostinho bonito.

Barbara Feldon está com 73 anos e parece que passa bem. Não custa nada esclarecer."



Ronald Golias e o Agente 86

Ontem pensei em escrever sobre a morte de Ronald Golias. Mas não escrevi. Não gostava do personagem de Golias. Todos os jornais, blogs e sites que eu visitei ontem falavam sobre sua morte. Preferi não escrever.
Mas, ontem a noite, ao folhear o obituário dos jornais, vi com pesar que o Agente 86 (Don Adams) havia morrido no domingo. Este sim era um belo comediante. Não existe nesta minha opinião nenhum tipo de preconceito ou xenofilia, apenas uma constatação obvia do abismo que separavam os dois comediantes, e o tipo de humor que eles faziam. Adams, o Agente 86, fazia um homor inteligente, refinado e era muito, muito engraçado; Golias fazia um humor popularesco que na maioria das vezes beirava a vulgaridade. Assisti a ambos em minha infância. O que realmente sempre acompanhei e gostei foi o Agente 86. Até hoje assisto e me divirto - aos sábados no canal Multishow (horário péssimo) - com suas trapalhadas.

Hoje pela manhã alguns canais transmitiam ao vivo o velório de Golias. Os entrevistados falavam (bem) sobre o homem Ronald Golias. Não tenho nada contra a pessoa do Golias, não gostava e vou continuar não gostando do humorista.

Sobre o Agente 86, a Agência Estado noticiou:
"Don Adams, morreu de infecção pulmonar neste domingo (26), aos 82 anos. O falecimento ocorreu no Centro Médico Cedars-Sinai, segundo informou seu amigo e agente Bruce Tufeld, nesta segunda-feira. Ele disse ainda que o ator vinha sofrendo vários problemas de saúde nos últimos anos.

Vivendo o atrapalhado agente Maxwell Smart - o super-secreto agente federal da agência C.O.N.T.R.O.L.E. -, Adams conquistou os telespectadores com suas táticas de combate aos agentes inimigos da K.A.O.S. Quando suas explanações falhavam para convencer os vilões ou seu chefe, ele costumava dizer... 'Você creditaria se eu dissesse...?'. Uma frase que se tornou bordão do personagem, assim como a exclamação dirigida ao seu chefe Thaddeus (ator Edward Platt): 'Desculpe por isso, Chefe', quando algo dava errado.

Agente 86 (Get Smart, 1965/70) era uma sátira ao agente 007 James Bond, mas Smart também usava objetos inusitados, como um sapato que se transformava em telefone secreto. Os roteiros eram do humorista e diretor Mel Brooks.

A relação entre Adams e sua parceira no seriado, a 'Agente 99' (Barbara Feldon), acabou em casamento e filhos gêmeos na quinta e última temporada. Na vida real, Adams, que nasceu em Nova York em abril de 1923, se casou por três vezes, incluindo a primeira união com Adelaide Adams, de quem adotou o nome Adams. Ao todo teve sete filhos.

O seriado clássico ganhou por duas vezes o Emmy de melhor série de comédia e rendeu três Emmys a Adams como ator de comédia.

Apesar do seriado de tevê ter sido o único trabalho de sucesso de Don Adams, o ator declarou recentemente em uma entrevista que se sentia orgulhoso em ter tido como única meta na vida 'fazer o público rir'."

Tive uma surpresa ao saber que Adams morrera aos 82 anos, Afinal eu só o via no seriado.

27 setembro, 2005

Parabéns Dinha


Hoje minha amiga Lourdinha Borges, a Dinha, está fazendo aniversário.
É claro que eu não vou contar a idade dela, mas ela nasceu em 196?.
Parabéns Dinha. Felicidades!

Pérola - Joelmir Beting

"O PT começou com um partido de presos políticos. E termina como um partido de políticos presos."

Logogle


Vi este link no Querido Leitor e achei bem legal. É para você fazer seu próprio Google.
Clique na imagem acima e experimente.

Sim ao desarmamento

Não ao desarmamento

Copersucar


Dia destes estava navegando descompromissado quando achei algumas fotos do Copersucar. Boas lembranças da F1 de outrora.

Manual didático de ‘canalhogia’ - Arnaldo Jabor

Estamos cercados de canalhas por todos os lados. Onde bate uma CPI, lá está o canalha nos contemplando do fundo de um arquivo, de dentro de uma cumbuca, reproduzindo-se como as bactérias. Os canalhas são muitos para tão poucos aparelhos punitivos. Chamemo-los de canalhas, nome genérico para corruptos, mentirosos, achacadores da miséria brasileira. Durante quatro séculos, criaram capitanias, casas, igrejas, congressos, labirintos. Matá-los, um a um, é impossível. Os sacripantas, os badamecos, os velhacos, os biltres, os bigorrilhas, os bandalhos, os vendilhões e salafrários renascerão com outros nomes, inventando novas formas de roubar o país. Os canalhas são infinitos; temos de destruir seus formigueiros. Enquanto houver 20 mil cargos de confiança no país, haverá canalhas, enquanto houver estatais haverá canalhas, enquanto houver subsídios a fundo perdido, haverá canalhas. Temos de desinfetar seus ninhos, suas chocadeiras. Não adianta as CPIs punindo meia dúzia. A cada punição, outros nascerão mais fortes, como bactérias resistentes a antigas penicilinas. Não haver pizza pode ser pizza. O mensalão oculta o grande crime da origem do dinheiro, lá em cima, na trama do Planalto.

A canalhogia (a análise da “filha-da-putice”) é uma ciência nova. Sem estudá-la não se entende o Brasil de hoje. Ele não é desvio; é a norma. O canalha tem 400 anos: avô ladrão, bisavô negreiro e tataravô degredado. Ele tem raízes, tradição. E é também “pós-moderno”, contemporâneo: ele encarna a “realpolitik” do crime, a frieza do Eu, a impávida lógica do egoísmo atual.

No imaginário brasileiro ele tem algo de aventureiro heróico. O canalha conhece o delicioso frisson de saber-se olhado nos restaurantes e bordéis. Homens e mulheres o vêem com gula: “Olha, lá vai o canalha....!”, sussurram fascinados por seu cinismo sorridente, os maîtres se arremessando e eles flutuando, orgulhosos de sua ruptura com o bom-mocismo dos corretos, defendendo a tradição endêmica da escrotidão nacional. Há um orgulho perverso no canalha. Hoje em dia, depois da eclosão de Jefferson, o ex-canalha confessional, há o prazer de assumir os erros, quase numa modéstia ao avesso. O canalha tem uma energia tão intensa que cria “sistemas”, regras de conduta e obriga os honestos a agirem tortamente para defender o bem público. Sem aliança com canalhas, ninguém governa, sem uma ponta de sordidez não há progresso. O canalha criou o sistema brasileiro que, em troca, recria-o persistentemente: suas mentiras, seus meneios, seus ademanes foram construindo um emaranhado de instituições que dependem da mentira. Se a verdade prevalece, há uma catástrofe. Vejam o estrago que Jefferson fez, quando descobriu o prazer sexual da verdade. Meia dúzia de denúncias agiram como uma bomba. A mentira é necessária para manter as instituições em funcionamento. O Brasil precisa da mentira para viver.

O canalha tem cara de canalha quase sempre — quem parece é. Mas pode ter um rosto tão límpido, tão “honesto”, que convence a si mesmo. O canalha não se acha canalha. Quando ele é ameaçado por alguma verdade, vira ator e tem o prazer supremo de mentir. Como é bom negar as obviedades mais sólidas e ver a cara de desespero e impotência de inquisidores. O canalha é mais complexo que o bom. O bom é reto, com princípio e fim; o canalha é um caleidoscópio, uma constelação.

O canalha é mais educativo que o homem de bem. O homem de bem é um mistério solene, oculto sob sua gravidade, com cenho franzido, testa pura. O canalha ensina mais. Temos tido uma grande aula pública de Brasil nos últimos meses, uma psicanálise para o povo, um show de verdades pelo chorrilho de “nãos” e de “negos”. Nunca aprendemos tanto de cabeça para baixo. Pelo escrachamento, entendemos a beleza do que poderíamos ser.

O canalha faz sucesso com as mulheres. Elas se perdem diante de seu mistério, elas não conseguem prendê-lo em teias de aranha e o canalha vira um desafio perpétuo, coisa que elas amam em vez do bondoso chato e previsível. A mulher só ama o inconquistável. O canalha desorganiza o universo mental feminino, desatina suas mentes poligonais, o canalha vai além da ilógica da mulher.

O canalha fascina também executivos de bem, porque, por mais que eles se esforcem, competentes, dedicados, sempre estarão carentes de um patrão ingrato. O canalha, não; ele pega e come, ele não espera recompensas, só ele se premia. Ele tem o infinito prazer do plano de ataque, o orgasmo na falcatrua, a delícia da adrenalina na apropriação indébita. O canalha tem o orgulho de suportar a culpa, anestesiá-la, suprema inveja dos neuróticos. O canalha sempre tem uma razão que o absolva e justifique: uma velha vingança, um antigo castigo, uma humilhação infantil. Ele pode roubar verbas de cancerosos e chegar em casa feliz em ver os filhos assistindo a desenho na TV. Muitos canalhas são bons pais — pensam no futuro da família.

O canalha não é o malandro — não confundir. O malandro é romântico, boa praça, o canalha é minimalista, seco, mais para poesia concreta do que para o samba-canção. O canalha tem enfarte; o honesto tem úlcera. O canalha em geral é capitalista, tem gostos burgueses sempre iguais: todos compram lanchas, turbo-carros, amantes, gargalham em churrascarias e passam a entender de vinho. Ultimamente, apareceram os canalhas revolucionários, que roubam em nome do povo. Mas, em geral, o canalha não é de esquerda nem de direita, nem porra nenhuma. Ele é a inércia primitiva do país. Ele não é nem burguesia nem classe alguma; ele é a pasta essencial de que tudo é feito, ele é a História paralítica do Brasil, ele tem a grandeza da vista curta, o encanto dos interesses mesquinhos, a sabedoria das toupeiras, dos porcos e dos roedores. O canalha é a base da nacionalidade.